segunda-feira, 8 de junho de 2015

Expiação

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 33

Júlio após reencarnar como filho de Zulmira e Amaro, desencarna com um ano de idade, vítima de difteria. Na reencarnação anterior Júlio desencarnara aos oito anos vítima de um afogamento. Na reencarnação precedente, Júlio havia tentado suicídio por duas vezes: na primeira ingeriu substância corrosiva e foi salvo, no entanto, ficou com a garganta e o esôfago prejudicados. Não aguentando os sofrimentos, se afogou em um rio. 

Por ter suicidado, seu perispírito apresentava enfermidade na região da garganta. Para sanar esta enfermidade perispiritual, precisou desencarnar precocemente em duas reencarnações sucessivas.
"Clarêncio informou, prestimoso:
– Júlio reajustou-se para a continuação regular da luta evolutiva que lhe compete. O renascimento malogrado não teve para ele tão somente a significação expiatória, necessária ao Espírito que deserta do aprendizado, mas também o efeito de um remédio curativo. A permanência no campo físico funcionou como recurso de eliminação da ferida que trazia nos delicados tecidos da alma. A carne, em muitos casos, é assim como um filtro que retém as impurezas do corpo perispiritual, liberando-o de certos males nela adquiridos.
– Isso quer dizer...
O Ministro, porém, cortou-me a palavra, acentuando:
– Isso quer dizer que Júlio doravante poderá exteriorizar-se num corpo sadio, conquistando merecimento para obter uma reencarnação devidamente planejada, com elevados objetivos de serviço. Terá, por alguns meses conosco, desenvolvimento natural, regressando à Terra, em elogiáveis condições de harmonia consigo mesmo.
– Mas voltará, assim, em tão pouco tempo? – perguntei, admirado.
– Esperamos que assim seja. Deve atender ao crescimento de qualidades nobres para a vida eterna que somente o retorno à escola da carne poderá facilitar. Além disso, precisa conviver com Amaro, Zulmira e Silva, de maneira a confraternizar-se realmente com eles, segundo o amor puro que o Cristo nos ensinou.
– Essas anotações – ponderei – lançam nova claridade em nosso estudo da vida. Compreendemos, assim, que as moléstias complicadas e longas guardam função específica. Os aleijões de nascença, o mongolismo, a paralisia...
– Sim – confirmou o orientador –, por vezes é tão grande a incursão da alma nas regiões de desequilíbrio, que mais extensa se faz para ela a viagem de volta à normalidade.
Sorrindo, acrescentou:
O tempo de inferno restaurador corresponde ao tempo de culpa deliberada. Em muitas fases de nossa evolução somos imantados às teias da carne, que sempre nos reflete a individualidade intrínseca, assim como a argila é conduzida ao calor da cerâmica ou como o metal impuro é arrojado ao cadinho fervente. A depuração exige esforço, sacrifício, paciência."

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