quinta-feira, 11 de junho de 2015

Expiação 4

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 33

Continuação dos três posts anteriores. Júlio após reencarnar como filho de Zulmira e Amaro, desencarna com um ano de idade, vítima de difteria. Na reencarnação anterior Júlio desencarnara aos oito anos vítima de um afogamento. Na reencarnação precedente, Júlio havia tentado suicídio por duas vezes: na primeira ingeriu substância corrosiva e foi salvo, no entanto, ficou com a garganta e o esôfago prejudicados. Não aguentando os sofrimentos, se afogou em um rio.
"– Amaro teria tido, dessa forma, uma juventude algo conturbada – ponderei com objetivo de estudo.
– Sim, como acontece à maioria dos moços de ambos os sexos, na luta vulgar, muito cedo acordou para o ideal da paternidade. Em sonhos, fora do corpo denso, encontrava-se com o adversário que lhe pedia o retorno ao mundo e, ansioso de reconciliação, pensava no casamento com extremado desassossego, desejoso de saldar a conta que reconhecia dever. Muito jovem ainda, encontrou Odila que o aguardava, consoante o acordo por ambos levado a efeito, na vida espiritual; no entanto, as vibrações de Júlio eram efetivamente tão incômodas que a primeira esposa do nosso amigo não conseguiu acolhê-lo, de imediato, recebendo Evelina, em primeiro lugar, de vez que a ligação do casal com ela se baseia em doces afinidades. Somente depois da primogênita é que se ambientou para a incorporação do suicida em sofrimento...
– Este ponto de nossa conversação – lembrei, respeitoso – faz-me recordar os conflitos interiores de muitos rapazes e de muitas moças na Terra. Às vezes se arrojam ao casamento com absoluta inaptidão para as grandes responsabilidades, qual se estivessem impulsionadas por molas invisíveis, sem qualquer consideração para com os impositivos da prudência. Como se fossem atacados por subitânea loucura, desatendem a todos os conselhos do lar ou dos amigos, para despertarem, depois, com problemas de enorme gravidade, quando não acordam sob a neblina de imensas desilusões. Agora compreendo... Na base dos sonhos juvenis, quase sempre moram dívidas angustiosas a que não se pode fugir...
– Sim – confirmou o Ministro –, grande número de paixões afetivas no mundo correspondem a autênticas obsessões ou psicoses, que só a realidade consegue tratar com êxito. Em muitas ocasiões, por trás do anseio de união conjugal, vibra o passado, através de requisições dos amigos ou inimigos desencarnados, aos quais devemos colaboração efetiva para a reconquista do veículo carnal. A inquietação afetiva pode expressar escuros labirintos da retaguarda..."

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