terça-feira, 30 de junho de 2015

Centros Vitais

Livro: Evolução em Dois Mundos
Primeira Parte - Capítulo 2 - Corpo Espiritual


Neste trecho André Luiz nos fala sobre as funções dos centros vitais (1), presentes no perispírito e que comandam o funcionamento integral do organismo humano. Os principais centros vitais (chacras) são: o coronário, o cerebral, o laríngeo, o cardíaco, o esplênico, o gástrico e o genésico.

"Estudado no plano em que nos encontramos, na posição de criaturas desencarnadas, o corpo espiritual ou psicossoma é, assim, o veículo físico, relativamente definido pela ciência humana, com os centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não pode perquirir e reconhecer.
Nele possuímos todo o equipamento de recursos automáticos que governam os bilhões de entidades microscópicas a serviço da Inteligência, nos círculos de ação em que nos demoramos, recursos esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em milênios e milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos setores da evolução anímica (2).
É assim que, regendo a atividade funcional dos órgãos relacionados pela fisiologia terrena, nele identificamos o centro coronário, instalado na região central do cérebro, sede da mente, centro que assimila os estímulos do Plano Superior e orienta a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada ou desencarnada, nas cintas de aprendizado que lhe corresponde no abrigo planetário. O centro coronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe obedecem ao impulso, procedente do Espírito, assim como as peças secundinas de uma usina respondem ao comando da peça-motor de que se serve o tirocínio (3) do homem para concatená-las e dirigi-las.
Desses centros secundários, entrelaçados no psicossoma e, consequentemente, no corpo físico, por redes plexiformes (4), destacamos o centro cerebral contíguo ao coronário, com influência decisiva sobre os demais, governando o córtice encefálico (5) na sustentação dos sentidos, marcando a atividade das glândulas endocrínicas e administrando o sistema nervoso, em toda a sua organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os neurônios sensitivos até as células efetoras; o centro laríngeo, controlando notadamente a respiração e a fonação; o centro cardíaco, dirigindo a emotividade e a circulação das forças de base; o centro esplênico, determinando todas as atividades em que se exprime o sistema hemático (6), dentro das variações de meio e volume sanguíneo; o centro gástrico, responsabilizando-se pela digestão e absorção dos alimentos densos ou menos densos que, de qualquer modo, representam concentrados fluídicos penetrando-nos a organização, e o centro genésico, guiando a modelagem de novas formas entre os homens ou o estabelecimento de estímulos criadores, com vistas ao trabalho, à associação e à realização entre as almas."

1.  Centro Vital: designação comum de cada um dos centros de força existentes no corpo espiritual (perispírito), cuja a função é de assimilar energias cósmicas e espirituais. Os centros de força já eram conhecidos pelas doutrinas secretas e iniciáticas com a denominação de “Chacras”, que em sânscrito significa roda, visto como são constituídos por uma série de vórtices semelhantes a rodas.
2. Anímico: pertencente ou relativo à alma; psíquico.
3. Tirocínio: Aprendizado, experiência.
4. Plexiforme: em forma de plexo, que é o entrelaçamento de ramificações nervosas.
5. Córtice Encefálico (córtex cerebral): é a camada externa do cérebro.
6. Hemático: que se relaciona com o sangue.
(Fonte: Mesquita, J.M. 1984. Elucidário do Livro Evolução em Dois Mundos).

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Retrato do Corpo Mental

Livro: Evolução em Dois Mundos
Primeira Parte - Capítulo 2 - Corpo Espiritual

André Luiz fala a respeito do corpo mental e das características do perispírito. O corpo mental preside a formação do perispírito, e este preside a formação do corpo físico.
"Para definirmos de alguma sorte, o corpo espiritual (1), é preciso considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque, na realidade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental (2) que lhe preside a formação.
Do ponto de vista da constituição e função em que se caracteriza na esfera imediata ao trabalho do homem, após a morte, é o corpo espiritual o veículo físico por excelência, com sua estrutura eletromagnética, algo modificado no que tange aos fenômenos genésicos (3) e nutritivos, de acordo, porém, com as aquisições da mente que o maneja.
Todas as alterações que apresenta, depois do estágio berço-túmulo, verificam-se na base da conduta espiritual da criatura que se despede do arcabouço terrestre para continuar a jornada evolutiva nos domínios da experiência.
Claro está, portanto, que é ele santuário vivo em que a consciência imortal prossegue em manifestação incessante, além do sepulcro, formação sutil, urdida em recursos dinâmicos, extremamente porosa e plástica, em cuja tessitura as células, noutra faixa vibratória, à face do sistema de permuta visceralmente renovado, se distribuem mais ou menos à feição das partículas coloides (4), com a respectiva carga elétrica, comportando-se no espaço segundo a sua condição específica, e apresentando estados morfológicos conforme o campo mental a que se ajusta."

1. Corpo espiritual: perispírito ou psicossoma

2. O corpo mental, assinalado experimentalmente por diversos estudiosos, é o envoltório sutil da mente, e que, por agora, não podemos definir com mais amplitude de conceituação, além daquela em que tem sido apresentado pelos pesquisadores encarnados, e isto por falta de terminologia adequada no dicionário terrestre (Nota do Autor espiritual).

3. Genésico: relativo à gênese, à criação.

4. Coloide: substância gelatinosa, ou com aparência de cola, contando de uma fase dispersante (como a água) e de outra dispersa (como a proteína). Ex.: água com partículas de proteínas dissolvidas (Mesquita, J.M. 1984. Elucidário do Livro Evolução em Dois Mundos). 

domingo, 28 de junho de 2015

Forças Atômicas

Livro: Evolução em Dois Mundos
Primeira Parte - Capítulo 1 - Fluido Cósmico

Neste trecho André Luiz explica a formação da matéria densa que servirá à construção de novos planetas. Assim como também, o processo de colapso dos planetas, após cumprirem suas funções.
"Toda essa riqueza de plasmagem, nas linhas da Criação, ergue-se à base de corpúsculos sob irradiações da mente, corpúsculos e irradiações que, no estado atual dos nossos conhecimentos, embora estejamos fora do plano físico, não podemos definir em sua multiplicidade e configuração, porquanto a morte apenas dilata as nossas concepções e nos aclara a introspecção, iluminando-nos o senso moral, sem resolver, de maneira absoluta, os problemas que o Universo nos propõe a cada passo, com os seus espetáculos de grandeza.
Sob a orientação das Inteligências Superiores, congregam-se os átomos em colmeias imensas, e, sob a pressão, espiritualmente dirigida, de ondas eletromagnéticas, são controladamente reduzidas as áreas espaciais intra-atômicas, sem perda de movimento, para que se transformem na massa nuclear adensada, de que se esculpem os planetas, em cujo seio as mônadas(1) celestes encontrarão adequado berço ao desenvolvimento.
Semelhantes mundos servem à finalidade a que se destinam, por longas eras consagradas à evolução do Espírito, até que, pela sobrepressão sistemática, sofram o colapso atômico pelo qual se transmutam em astros cadaverizados. Essas esferas mortas, contudo, volvem a novas diretrizes dos Agentes Divinos, que dispõem sobre a desintegração dos materiais de superfície, dando ensejo a que os elementos comprimidos se libertem através de explosão ordenada, surgindo novo acervo corpuscular para a reconstrução das moradias celestes, nas quais a obra de Deus se estende e perpetua, em sua glória criativa."

1.  Mônada: organismo muito simples, que se poderia tomar por uma unidade orgânica; qualquer microrganismo unicelular. No sistema filosófico de Leibniz (1646 – 1716), unidade substancial, simples, ativa, indivisível e impenetrável, elemento básico constituinte da realidade física (Mesquita, J.M. 1984. Elucidário do Livro Evolução em Dois Mundos).

sábado, 27 de junho de 2015

Cocriação em Plano Menor

Livro: Evolução em Dois Mundos
Primeira Parte - Capítulo 1 - Fluido Cósmico

André Luiz nos explica que assim como as Inteligências Divinas que em comunhão direta com Deus formam (ou cocriam) as galáxias, planetas, sóis e estrelas a partir da utilização do fluido cósmico¹ (ou plasma divino), as inteligências humanas também cocriam em plano menor utilizando-se do mesmo fluido cósmico, como vemos no trecho a seguir.

E assim também André Luiz nos explica "... que o Espírito Criado pode formar ou cocriar, mas só Deus é o Criador de Toda a Eternidade."
"Em análogo alicerce, as Inteligências humanas que ombreiam conosco utilizam o mesmo fluido cósmico, em permanente circulação no Universo, para a Cocriação em plano menor, assimilando os corpúsculos da matéria com a energia espiritual que lhes é própria, formando assim o veículo fisiopsicossomático em que se exprimem ou cunhando as civilizações que abrangem no mundo a humanidade encarnada e a humanidade desencarnada. Dentro das mesmas bases, plasmam também os lugares entenebrecidos pela purgação infernal, gerados pelas mentes desequilibradas ou criminosas nos círculos inferiores e abismais, e que valem por aglutinações de duração breve, no microcosmo em que estagiam, sob o mesmo princípio de comando mental com que as Inteligências Maiores modelam as edificações macrocósmicas, que desafiam a passagem dos milênios.
Cabe-nos assinalar, desse modo, que, na essência, toda a matéria é energia tornada visível e que toda a energia, originariamente, é força divina de que nos apropriamos para interpor os nossos propósitos aos propósitos da Criação, cujas leis nos conservam e prestigiam o bem praticado, constrangendo-nos a transformar o mal de nossa autoria no bem que devemos realizar, porque o Bem de Todos é o seu Eterno Princípio.
Compete-nos, pois, anotar que o fluido cósmico ou plasma divino é a força em que todos vivemos, nos ângulos variados da Natureza, motivo pelo qual já se afirmou, e com toda a razão, que em Deus nos movemos e existimos²."
1. O fluido cósmico é o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano (André Luiz).

2. Paulo de Tarso, em Atos, capítulo 17, versículo 28. — (Nota do Autor espiritual).



sexta-feira, 26 de junho de 2015

Evolução em Dois Mundos - Sinopse



SINOPSE

André Luiz destina esta obra aos estudiosos, aqueles que desejam se aprofundar no conhecimento da ciência do Espírito; para isso, procura o autor aliar os conceitos rígidos da ciência aos preceitos evangélicos, revividos no Espiritismo.

Adentrando a Física e a Biologia, discorre sobre temas como fluido cósmico, o corpo espiritual e sua evolução, a alma, mecanismos da mediunidade, aspectos morfológicos, sociais e morais dos desencarnados, entre outros. É uma rica fonte de conhecimentos para os que buscam ampliar a sua capacidade intelectual com o auxílio dos cientistas e pesquisadores do plano espiritual.

Aliando conceitos científicos e evangélicos, André Luiz promove um estudo do processo evolutivo do ser e da alma nos dois planos de nossa existência – o mundo material e o mundo espiritual -, estabelecendo um desafio intelectual a todos que praticam e desejam conhecer a Doutrina Espírita.

Em resumo, este trabalho nos oferece, segundo as palavras de André Luiz, “um pequeno conjunto de definições sintéticas sobre nossa própria alma imortal, à face do Universo”.


quinta-feira, 25 de junho de 2015

Responsabilidades

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 10

Blandina conversa com André Luiz e Hilário.
"– Nesses casos, ainda e sempre, a Lei é invariável. As provas e tarefas sofrem dilação no tempo, mas serão cumpridas, afinal. Aquilo que não se realiza num século, pode efetuar-se em outro. Nossa boa vontade e nossa aplicação aos Desígnios Divinos podem abreviar qualquer espécie de serviço. Quem persiste na direção do bem, mais cedo atinge a vitória.
E com o formoso sorriso que lhe bailava no semblante juvenil, acrescentou:
Não vale fugir às responsabilidades, porque o tempo é inflexível e porque o trabalho que nos compete não será transferido a ninguém."


quarta-feira, 24 de junho de 2015

Ponderações

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 39

Irmã Clara presta esclarecimentos à Antonina e à Zulmira, que são levadas em desdobramento durante o sono físico à Colônia Lar da Benção.
"– Filhas, em nossa romagem na vida, atravessamos épocas de sementeira e fases de colheita. Na missão da mulher, até agora, vocês receberam do tempo os choques e os enigmas plantados a distância. Com a humildade e a fé, com o bom ânimo e o valor moral, venceram árduos conflitos que lhes fustigavam as melhores aspirações. Foram dias obscuros do pretérito refletidos no presente, contudo, agora, asserenou-se-lhes a estrada. A paciência a que se devotaram evitou a formação de nuvens da revolta e o céu se fez, de novo, claro e alentador. É como se o dia renascesse, resplendente de luz. O campo da existência exige mais trabalho e o tempo de semear ressurge alvissareiro.
A palestra em torno cessara de repente.
Os circunstantes buscavam ouvir a benfeitora, significando, com o silêncio, que nela se encarnava para nós a sabedoria.
Depois de ligeiro intervalo, nossa amiga continuou:
– Agora, que a oportunidade favorece a renovação, é preciso saber reconstruir o destino. Não olvidemos. A vida reduz-se a triste montão de trevas, quando não se faz plena de trabalho. Fujamos à velha feira da lamentação, onde a inércia vende os seus frutos amargosos! Para levantar, porém, a escada de nossa ascensão, é imprescindível banhar o espírito, cada dia, na fonte viva do amor, do amor que recompensa a si mesmo com a alegria de dar! O Pai Celeste é onipresente, através do amor de que satura o Universo. O sentimento divino é a corrente invisível em que se equilibram os mundos e os seres. Do Trono Excelso nasce o eterno manancial que sustenta o anjo na altura e alimenta o verme no abismo. A mulher é uma taça em que o Todo-Sábio deita a água milagrosa do amor com mais intensidade, para que a vida se engrandeça. Irmãs, sejamos fiéis ao mandato recebido. Em muitas ocasiões, quando nos prendemos à lama do egoísmo ou ao visco do ódio, poluímos o líquido sagrado, transformando-o em veneno destruidor. Guardemos cautela. O preço da verdadeira paz reside no sacrifício de nossas existências. Não há sublimação sem renúncia no castelo da alma, como não há purificação no cadinho, sem o concurso do fogo que acrisola os metais!..."

terça-feira, 23 de junho de 2015

Desencarnação e Reencarnação 3

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 29
"Hilário que, tanto quanto eu, se mostrava interessado em aproveitar a lição, fixando o quadro sob nossos olhos, pediu uma explicação tão simples quanto possível acerca da comunhão fisiopsíquica de Zulmira e Júlio* naquele instante, ao que Clarêncio respondeu, após refletir alguns momentos:
– Imaginemos um pêssego amadurecido, lançado à cova escura, a fim de renascer. Decomposto em sua estrutura, restituirá aos reservatórios da Natureza todos os elementos da polpa e dos demais envoltórios que lhe revestem os princípios vitais, reduzindo-se no imo do solo ao embrião minúsculo que se transformará, no espaço e no tempo, em novo pessegueiro.
O ensinamento não podia ser mais lógico, mais preciso.
– Então, por isso – acrescentou Hilário, estudioso – é que as crianças desencarnadas reclamam período de tempo mais ou menos longo para demonstrarem crescimento mental, como ocorre na existência comum...
– Isso acontece com a maioria – informou o Ministro –, de vez que há exceções na regra. Em muitas circunstâncias, semelhante imposição não existe. Quando a mente já desenvolveu certas qualidades, aprimorando-se em mais altos degraus de sublimação espiritual, pode arrojar de si mesma os elementos indispensáveis à composição dos veículos de exteriorização de que necessite em planos que lhe sejam inferiores. Nesses casos, o Espírito já domina plenamente as leis de aglutinação da matéria, no campo de luta que nos é conhecido e, por esse motivo, governa o fenômeno da própria reencarnação sem subordinar-se a ele."
* Zulmira está grávida de Júlio.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Programação da Reencarnação 2

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 28

O Ministro Clarêncio esclarece sobre as condições em que é necessário o acompanhamento específico do processo de reencarnação por parte de espíritos superiores.
"– A reencarnação no caso de Júlio não reclama de nossa esfera cuidados especiais. É uma descida experimental ao campo da matéria densa, com interesse tão somente para ele mesmo e para os familiares que o cercam. Todavia, se a existência do filho de Amaro estivesse destinada, no momento, a influenciar a comunidade, se ele fosse detentor de méritos indiscutíveis, com responsabilidades justas nos caminhos alheios, o problema seria efetivamente outro. Forças de ordem superior seriam fatalmente mobilizadas para a interferência nos cromossomos, garantindo-se o embrião do veículo físico de maneira adequada à missão que lhe coubesse...
– E se o reencarnante fosse um homem de larga intelectualidade? – inquiriu Hilário, estudioso.
– Merecer-nos-ia cautelosa atenção na estrutura cerebral, para que lhe não faltasse um instrumento à altura de seus deveres na materialização do pensamento.
– E se fosse um médico? um grande cirurgião por exemplo? – perguntei por minha vez.
– Receberia assistência aprimorada na formação do sistema nervoso, assegurando-se-lhe pleno domínio das emoções.
Porque não mais indagássemos especificamente, o instrutor continuou:
– Contudo, em milhares de renascimentos, na Terra, os princípios embriogênicos funcionam, automáticos, cada dia. A lei de causa e efeito executa-se sem necessidade de fiscalização da nossa parte. Na reencarnação, basta o magnetismo dos pais, aliado ao forte desejo daquele que regressa ao campo das formas físicas. De retorno ao corpo físico, estamos invariavelmente animados de um propósito firme... seja o anseio de alijar a dor que nos atormenta, a aspiração de conquistas espirituais que nos facilitem o acesso à Vida Superior, o voto de recapitular serviços mal feitos ou o ideal de realizar grandes tarefas de amor entre aqueles a quem nos afeiçoamos no mundo. De modo geral, a maioria das almas que reencarnam satisfazem à fome inquietante de recomeço. Quem não atendeu com exatidão ao trabalho que a vida lhe delegou, depressa se rende ao impositivo de repetição da experiência e o ressurgimento na luta física aparece por bênção salvadora. Milhões de destinos se reestruturam dessa forma, qual se refaz uma grande floresta. A sementeira cresce, estimulada pelo magnetismo do solo; a existência corpórea germina de novo, incentivada pelo magnetismo da carne..."

domingo, 21 de junho de 2015

Chacras 2

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 20

"– Não nos afastemos das observações práticas, para estudar com clareza os conflitos da alma. Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de força, que reage em nosso corpo a essa ou àquela classe de influxos mentais. Apliquemos à nossa aula rápida, tanto quanto nos seja possível, a terminologia trazida do mundo, para que vocês consigam fixar com mais segurança os nossos apontamentos. Analisando a fisiologia do perispírito, classifiquemos os seus centros de força, aproveitando a lembrança das regiões mais importantes do corpo terrestre. Temos, assim, por expressão máxima do veículo que nos serve presentemente, o “centro coronário” que, na Terra, é considerado pela filosofia hindu como sendo o lótus de mil pétalas, por ser o mais significativo em razão do seu alto potencial de radiações, de vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. Esse centro recebe em primeiro lugar os estímulos do espírito, comandando os demais, vibrando todavia com eles em justo regime de interdependência. Considerando em nossa exposição os fenômenos do corpo físico, e satisfazendo aos impositivos de simplicidade em nossas definições, devemos dizer que dele emanam as energias de sustentação do sistema nervoso e suas subdivisões, sendo o responsável pela alimentação das células do pensamento e o provedor de todos os recursos eletromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. É, por isso, o grande assimilador das energias solares e dos raios da Espiritualidade Superior capazes de favorecer a sublimação da alma. Logo após, anotamos o “centro cerebral”, contíguo ao “centro coronário”, que ordena as percepções de variada espécie, percepções essas que, na vestimenta carnal, constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da inteligência que dizem respeito à palavra, à cultura, à arte, ao saber. É no “centro cerebral” que possuímos o comando do núcleo endocrínico, referente aos poderes psíquicos. Em seguida, temos o “centro laríngeo”, que preside aos fenômenos vocais, inclusive às atividades do timo, da tireóide e das paratireóides. Logo após, identificamos o “centro cardíaco”, que sustenta os serviços da emoção e do equilíbrio geral. Prosseguindo em nossas observações, assinalamos o “centro esplênico” que, no corpo denso, está sediado no baço, regulando a distribuição e a circulação adequada dos recursos vitais em todos os escaninhos do veículo de que nos servimos. Continuando, identificamos o “centro gástrico”, que se responsabiliza pela penetração de alimentos e fluidos em nossa organização e, por fim, temos o “centro genésico”, em que se localiza o santuário do sexo, como templo modelador de formas e estímulos."

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Chacras

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 20
"– Como não desconhecem, o nosso corpo de matéria rarefeita* está intimamente regido por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas, que podemos definir como sendo um campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado. Nossa posição mental determina o peso específico do nosso envoltório espiritual e, conseqüentemente, o “habitat” que lhe compete. Mero problema de padrão vibratório. Cada qual de nós respira em determinado tipo de onda. Quanto mais primitiva se revela a condição da mente, mais fraco é o influxo vibratório do pensamento, induzindo a compulsória aglutinação do ser às regiões da consciência embrionária ou torturada, onde se reúnem as vidas inferiores que lhe são afins. O crescimento do influxo mental, no veículo eletromagnético em que nos movemos, após abandonar o corpo terrestre, está na medida da experiência adquirida e arquivada em nosso próprio espírito. Atentos a semelhante realidade, é fácil compreender que sublimamos ou desequilibramos o delicado agente de nossas manifestações, conforme o tipo de pensamento que nos flui da vida íntima. Quanto mais nos avizinhamos da esfera animal, maior é a condensação obscurecente de nossa organização, e quanto mais nos elevamos, ao preço de esforço próprio, no rumo das gloriosas construções do espírito, maior é a sutileza de nosso envoltório, que passa a combinar-se facilmente com a beleza, com a harmonia e com a luz reinantes na Criação Divina."
* Perispírito

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Hereditariedade 2

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 29

O Ministro Clarêncio esclarece sobre a questão da hereditariedade, complementando o que havia sido dito no capítulo 12 do mesmo livro, que está publicado neste blog, com o título de Hereditariedade (post do dia 20/04/2015).
"– O problema de Júlio, no entanto – considerei –, afigura-se-nos bastante doloroso...
– Doloroso mas educativo, quanto o de milhares de criaturas, cada dia, na Terra – ponderou Clarêncio, imperturbável –. Nosso companheiro vencido e enfermo, em razão de compromissos adquiridos na carne, na carne encontrará caminho ao próprio reajuste.
– E a questão da hereditariedade? – indagou meu companheiro, reverente. – Júlio, perdendo o corpo sutil em que chorava atormentado, ressurgirá na existência física sem a moléstia que o apoquentava, por herdar fatalmente os característicos biológicos dos pais?
O orientador sorriu, de maneira expressiva, e asseverou:
– A hereditariedade, qual é aceita nos conhecimentos científicos do mundo, tem os seus limites. Filhos e pais, indubitavelmente, ainda mesmo quando se cataloguem distantes uns dos outros, sob o ponto de vista moral, guardam sempre afinidade magnética entre si; desse modo, os progenitores fornecem determinados recursos ao Espírito reencarnante, mas esses recursos estão condicionados às necessidades da alma que lhes aproveita a cooperação, porque, no fundo, somos herdeiros de nós mesmos. Assimilamos as energias de nossos pais terrestres, na medida de nossas qualidades boas ou más, para o destino enobrecido ou torturado a que fazemos jus, pelas nossas conquistas ou débitos que voltam à Terra conosco, emergindo de nossas anteriores experiências.
– Somos então levados a crer que Júlio transportará consigo a enfermidade que sofria em nosso plano, à maneira de alguém que, em se mudando de domicílio, não modifica o quadro orgânico... – observou Hilário, com sensatez.
– Isso mesmo – elucidou o Ministro, satisfeito –, o problema é de natureza espiritual. Durante a gravidez de Zulmira, a mente de Júlio permanecerá associada à mente materna, influenciando, como é justo, à formação do embrião. Todo o cosmo celular do novo organismo estará impregnado pelas forças do pensamento enfermiço de nosso irmão que regressa ao mundo. Assim sendo, Júlio renascerá com as deficiências de que ainda é portador, embora favorecido pelo material genético que recolherá dos pais, nos limites da lei de herança, para a constituição do novo envoltório.
Depois de breve pausa, concluiu:
Como vemos, na mente reside o comando. A consciência traça o destino, o corpo reflete a alma. Toda agregação de matéria obedece a impulsos do espírito. Nossos pensamentos fabricam as formas de que nos utilizamos na vida."

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Propriedades do Perispírito

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 13

O Ministro Clarêncio presta auxílio à Leonardo, que desencarnado há 20 anos, sofre imensamente pelos atos cometidos quando encarnado.
"Acariciou, ainda por alguns instantes, a cabeça do ancião e, em seguida, chamou-o, de manso:
– Leonardo, recorda! Volta ao Paraguai, onde adquiriste o remorso que hoje te retalha o coração! A dor, quase sempre, é culpa sepultada dentro de nós... Retrocedamos ao ponto inicial de teu sofrimento!... Recorda! Recorda!...
O velhinho, diante de nosso intraduzível assombro, acordou de olhos transtornados.
Ergueu a fronte, mas seu rosto alterara-se de maneira sensível.
Sustentava iniludivelmente os traços fundamentais, mas fizera-se mais jovem.
Registrando a surpreendente transfiguração, Hilário interferiu, perguntando:
– Oh! que força mágica será esta?
Nosso orientador fitou-o, sereno, e esclareceu:
– Não nos esqueçamos de que temos diante de nós o veículo espiritual, por excelência vibrátil. O corpo da alma modifica-se, profundamente, segundo o tipo de emoção que lhe flui do âmago. Isso, aliás, não é novidade. Na própria Terra, a máscara física altera-se na alegria ou no sofrimento, na simpatia ou na aversão. Em nosso plano, semelhantes transformações são mais rápidas e exteriorizam aspectos íntimos do ser, com facilidade e segurança, porque as moléculas do perispírito giram em mais alto padrão vibratório, com movimentos mais intensivos que as moléculas do corpo carnal. A consciência, por fulcro anímico, expressa-se, desse modo, na matéria sutil com poderes plásticos mais avançados."

terça-feira, 16 de junho de 2015

Família

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 39

Irmã Clara esclarece Zulmira e Antonina (ambas em desdobramento) sobre as responsabilidades futuras que elas deverão assumir, como resgate de ações pretéritas.
"– Brevemente, vocês serão chamadas a novo esforço, no apostolado materno. Zulmira recolherá o nosso Júlio na concha do coração e você, Antonina, restituirá a Leonardo Pires, seu avô e associado de destino, o tesouro do corpo terrestre. No santuário doméstico, as afeições transviadas se recompõem, a fim de que possamos demandar o futuro, ao clarão da felicidade.
Filhas, ninguém avança sem saldar as próprias contas com o passado. Paguemos, desse modo, os débitos que nos aprisionam aos círculos inferiores da vida, aproveitando o tempo de detenção no resgate, em maior aprimoramento de nós mesmas. Amemos, aperfeiçoando-nos!
Identifiquemos no lar humano o caminho de nossa regeneração! A família consanguínea na Terra é o microcosmo de obrigações salvadoras em que nos habilitamos para o serviço à família maior que se constitui da Humanidade inteira. O parente necessitado de tolerância e carinho representa o ponto difícil que nos cabe vencer, valendo-nos dele para melhorar-nos em humildade e compreensão. Um pai incompreensivo, um esposo áspero ou um filho de condução inquietante, simbolizam linhas de luta benéfica, em que podemos exercitar a paciência, a doçura e o devotamento até ao sacrifício!... Especialmente, no tocante aos filhos, não nos esqueçamos de que pertencem a Deus e à vida, acima de tudo!... Na esfera carnal, a Providência Divina nos sela a memória, no favor do renascimento, envolvendo-nos com o sopro renovador de abençoada esperança! Por isso mesmo, não nos cabe olvidar que os filhos são sempre laços preciosos da existência, requisitando-nos equilíbrio e discernimento em todas as decisões... Para desobrigar-nos da grande tarefa que a maternidade nos impõe, é imprescindível entender-lhes o psiquismo diferente do nosso, a exigir, muitas vezes um tipo de felicidade que não se harmoniza com o nosso modo de ser. Saibamos, assim, prepará-los, sem egoísmo, para o destino que lhes compete! O carinho escravizante assemelha-se a um mel envenenado, enredando-nos na sombra. Conservemos nosso espírito arejado pela justiça, para que a nossa afetividade seja uma bênção com a possibilidade de educar os que nos cercam, na escola do trabalho salutar!..."

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Anjos da Guarda 3

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 33
"Todas as criaturas, individualmente, contam com louváveis devotamentos de entidades afins que se lhes afeiçoam. A orfandade real não existe. Em nome do Amor, todas as almas recebem assistência onde quer que se encontrem. Irmãos mais velhos ajudam os mais novos. Mestres inspiram discípulos. Pais socorrem os filhos. Amigos ligam-se a amigos. Companheiros auxiliam companheiros. Isso ocorre em todos os planos da Natureza e, fatalmente, na Terra, entre os que ainda vivem na carne e os que já atravessaram o escuro passadiço da morte. Os gregos sabiam disso e recorriam aos seus gênios invisíveis. Os romanos compreendiam essa verdade e cultuavam os numes domésticos. O gênio guardião será sempre um Espírito benfazejo para o protegido, mas é imperioso anotar que os laços afetivos, em torno de nós, ainda se encontram em marcha ascendente para mais altos níveis da vida.
Com toda a veneração que lhes devemos, importa reconhecer, nos Espíritos familiares que nos protegem, grandes e respeitáveis heróis do bem, mas ainda singularmente distanciados da angelitude eterna. Naturalmente, avançam em linhas enobrecidas, em planos elevados, todavia, ainda sentem inclinações e paixões particulares, no rumo da universalização de sentimentos. Por esse motivo, com muita propriedade, nas diversas escolas religiosas, escutamos a intuição popular asseverando: – “nossos anjos de guarda não combinam entre si”, ou, ainda, “façamos uma oração aos anjos de guarda”, reconhecendo-se, instintivamente, que os gênios familiares de nossa intimidade ainda se encontram no campo de afinidades específicas e precisam, por vezes, de apelos à natureza superior para atenderem a esse ou àquele gênero de serviço."

sábado, 13 de junho de 2015

Anjos da Guarda 2

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 33

"– Anjo, segundo a acepção justa do termo, é mensageiro. Ora, há mensageiros de todas as condições e de todas as procedências e, por isso, a antiguidade sempre admitiu a existência de anjos bons e anjos maus. Anjo de guarda, desde as concepções religiosas mais antigas, é uma expressão que define o Espírito celeste que vigia a criatura em nome de Deus ou pessoa que se devota infinitamente a outra, ajudando-a e defendendo-a. Em qualquer região, convivem conosco os Espíritos familiares de nossa vida e de nossa luta. Dos seres mais embrutecidos aos mais sublimados, temos a corrente de amor, cujos elos podemos simbolizar nas almas que se querem ou que se afinam umas com as outras, dentro da infinita gradação do progresso.
A família espiritual é uma constelação de Inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus. Aquele que já pode ver mais um pouco auxilia a visão daquele que ainda se encontra em luta por desvencilhar-se da própria cegueira. Todos nós, por mais baixo nos revelemos na escala da evolução, possuímos, não longe de nós, alguém que nos ama a impelir-nos para a elevação. Isso podemos verificar nos círculos da matéria mais densa. Temos constantemente corações que nos devotam  estima e se consagram ao nosso bem. De todas as afeições terrestres, salientemos, para exemplificar, a devoção das mães. O espírito maternal é uma espécie de anjo ou mensageiro, embora muita vez circunscrito ao cárcere de férreo egoísmo, na custódia dos filhos. Além das mães, cujo amor padece muitas deficiências, quando confrontado com os princípios essenciais da fraternidade e da justiça, temos afetos e simpatias dos mais envolventes, capazes dos mais altos sacrifícios por nós, não obstante condicionados a objetivos por vezes egoísticos. Não podemos olvidar, porém, que o admirável altruísmo de amanhã começa na afetividade estreita de hoje, como a árvore parte do embrião."

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Anjos da Guarda

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 33
"Refletindo nas lutas da alma, atirada às experiências da vida com tantos enigmas a solver, acudiu-me à lembrança antiga questão que habitualmente me vinha à cabeça.
– E os anjos de guarda? – inquiri.
Diante da surpresa que assomou ao semblante do nosso orientador, acentuei, reverente:
– Perdoe-me, mas ainda sou estudante incipiente da vida espiritual. Os anjos de guarda estão em nossa esfera?
Clarêncio encarou-me, admirado, e sentenciou:
– Os Espíritos tutelares encontram-se em todas as esferas, contudo é indispensável tecer algumas considerações sobre o assunto. Os anjos da sublime vigilância, analisados em sua excelsitude divina, seguem-nos a longa estrada evolutiva. Desvelam-se por nós, dentro das Leis que nos regem, todavia não podemos esquecer que nos movimentamos todos em círculos multidimensionais. A cadeia de ascensão do espírito vai da intimidade do abismo à suprema glória celeste.
Ligeira pausa trouxe paternal sorriso aos lábios do instrutor, que prosseguiu:
– Será justo lembrar que estamos plasmando nossa individualidade imperecível no espaço e no tempo, ao preço de continuadas e difíceis experiências. A ideia de um ente divinizado e perfeito, invariavelmente ao nosso lado, ao dispor de nossos caprichos ou ao sabor de nossas dívidas, não concorda com a justiça. Que governo terrestre destacaria um de seus ministros mais sábios e especializados na garantia do bem de todos para colar-se, indefinidamente, ao destino de um só homem, quase sempre renitente cultor de complicados enigmas e necessitado, por isso mesmo, das mais severas lições da vida? Porque haveria de obrigar-se um arcanjo a descer da Luz Eterna para seguir, passo a passo, um homem deliberadamente egoísta ou preguiçoso? Tudo exige lógica, bom-senso.
– Com semelhante apontamento, quer dizer que os anjos de guarda não vivem conosco?
– Não digo isso – asseverou o benfeitor.
E, com graça, aduziu:
– O Sol está com o verme, amparando-o na furna, a milhões e milhões de quilômetros, sem que o verme esteja com o Sol."

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Expiação 4

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 33

Continuação dos três posts anteriores. Júlio após reencarnar como filho de Zulmira e Amaro, desencarna com um ano de idade, vítima de difteria. Na reencarnação anterior Júlio desencarnara aos oito anos vítima de um afogamento. Na reencarnação precedente, Júlio havia tentado suicídio por duas vezes: na primeira ingeriu substância corrosiva e foi salvo, no entanto, ficou com a garganta e o esôfago prejudicados. Não aguentando os sofrimentos, se afogou em um rio.
"– Amaro teria tido, dessa forma, uma juventude algo conturbada – ponderei com objetivo de estudo.
– Sim, como acontece à maioria dos moços de ambos os sexos, na luta vulgar, muito cedo acordou para o ideal da paternidade. Em sonhos, fora do corpo denso, encontrava-se com o adversário que lhe pedia o retorno ao mundo e, ansioso de reconciliação, pensava no casamento com extremado desassossego, desejoso de saldar a conta que reconhecia dever. Muito jovem ainda, encontrou Odila que o aguardava, consoante o acordo por ambos levado a efeito, na vida espiritual; no entanto, as vibrações de Júlio eram efetivamente tão incômodas que a primeira esposa do nosso amigo não conseguiu acolhê-lo, de imediato, recebendo Evelina, em primeiro lugar, de vez que a ligação do casal com ela se baseia em doces afinidades. Somente depois da primogênita é que se ambientou para a incorporação do suicida em sofrimento...
– Este ponto de nossa conversação – lembrei, respeitoso – faz-me recordar os conflitos interiores de muitos rapazes e de muitas moças na Terra. Às vezes se arrojam ao casamento com absoluta inaptidão para as grandes responsabilidades, qual se estivessem impulsionadas por molas invisíveis, sem qualquer consideração para com os impositivos da prudência. Como se fossem atacados por subitânea loucura, desatendem a todos os conselhos do lar ou dos amigos, para despertarem, depois, com problemas de enorme gravidade, quando não acordam sob a neblina de imensas desilusões. Agora compreendo... Na base dos sonhos juvenis, quase sempre moram dívidas angustiosas a que não se pode fugir...
– Sim – confirmou o Ministro –, grande número de paixões afetivas no mundo correspondem a autênticas obsessões ou psicoses, que só a realidade consegue tratar com êxito. Em muitas ocasiões, por trás do anseio de união conjugal, vibra o passado, através de requisições dos amigos ou inimigos desencarnados, aos quais devemos colaboração efetiva para a reconquista do veículo carnal. A inquietação afetiva pode expressar escuros labirintos da retaguarda..."

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Expiação 3

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 33

Continuação dos dois posts anteriores. Júlio após reencarnar como filho de Zulmira e Amaro, desencarna com um ano de idade, vítima de difteria. Na reencarnação anterior Júlio desencarnara aos oito anos vítima de um afogamento. Na reencarnação precedente, Júlio havia tentado suicídio por duas vezes: na primeira ingeriu substância corrosiva e foi salvo, no entanto, ficou com a garganta e o esôfago prejudicados. Não aguentando os sofrimentos, se afogou em um rio.
"– Sofreria, porém, a sós?
– Nem sempre – informou o instrutor –; quando não se achava em martirizada solidão, via-se, como é lógico, onde se lhe mantinha preso o pensamento.
Ante a nossa curiosidade indagadora, acrescentou:
– Os pensamentos dele se alimentavam na atmosfera psíquica de Zulmira, Amaro e Silva, que lhe serviam de pontos básicos ao ódio. Ensinava Jesus que o homem terá o seu tesouro onde guarde o coração e, efetivamente, todos nos imantamos, em espírito, às pessoas, lugares e objetos, aos quais se liguem os nossos sentimentos.
– Mas Júlio estava em contacto com eles nas esferas espirituais ou nas experiências do mundo físico?
– Partilhava-lhes a vida simplesmente, e a vida, em qualquer setor de luta, é invariável. Entretanto, por detestar Amaro mais profundamente, pesava com mais intensidade sobre ele. O ferroviário, na existência do Espaço, conheceu-lhe a perseguição acérrima, ouvindo-lhe as acusações e as queixas, nas regiões purgatoriais e, ao se reencarnar, na atual condição, foi seguido de perto por Júlio, que lhe afligia a mente, dele exigindo o necessário concurso à formação do novo corpo. Em razão da leviandade de Amaro, quando na personalidade de Armando, caminhara para o suicídio. Por isso mesmo, a Lei permitia-lhe a união com o amigo transformado em desafeto, companheiro esse do qual reclamava a renovação da oportunidade perdida.
Clarêncio fitou-nos, de modo especial, e aduziu:
– Entre o credor e o devedor há sempre o fio espiritual do compromisso."

terça-feira, 9 de junho de 2015

Expiação 2

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 33

Continuação do post anterior. Júlio após reencarnar como filho de Zulmira e Amaro, desencarna com um ano de idade, vítima de difteria. Na reencarnação anterior Júlio desencarnara aos oito anos vítima de um afogamento. Na reencarnação precedente, Júlio havia tentado suicídio por duas vezes: na primeira ingeriu substância corrosiva e foi salvo, no entanto, ficou com a garganta e o esôfago prejudicados. Não aguentando os sofrimentos, se afogou em um rio.
"– Volvendo ao caso de Júlio, não podemos olvidar que milhares de Inteligências, entre o berço e o túmulo, estão procurando a própria recuperação. À medida que se nos aclara a consciência e se nos engrandece a noção de responsabilidade, reconhecemos que a nossa dignificação espiritual é serviço intransferível. Devemos a nós mesmos quanto nos sucede em matéria de bem ou de mal.
– Importante observar – disse Hilário, pensativo – como a vida reclama, no refazimento da paz, a conjugação daqueles que entraram em guerra uns com os outros... No passado, Júlio arrojou-se ao despenhadeiro do suicídio sob a influência de Amaro, e Zulmira, após indispor-se com Silva...
– E, agora – completou Clarêncio –, reabilita-se com o auxílio de Zulmira e Amaro, de modo a rearmonizar-se com o enfermeiro. É natural seja assim.
– Mas Júlio, antes de tornar ao mundo, através do nosso amigo ferroviário – indaguei –, onde estaria?
– Depois de haver eliminado o próprio corpo, satisfazendo a simples capricho pessoal, sofreu por muitos anos as tristes conseqüências do ato deliberado, amargando nos círculos vizinhos da Terra as torturas do envenenamento a se lhe repetirem no campo mental. A morte prematura, quando traduz indisciplina diante das leis infinitamente compassivas que nos governam, constrange o Espírito que a provoca a dilatada purgação na paisagem espiritual. Não podemos trair o tempo e a existência planificada subordina-se a determinada quota de tempo, que nos compete esgotar em trabalho justo. Quando esses recursos não são suficientemente aproveitados, arcamos com tremendos desequilíbrios na organização que nos é própria."

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Expiação

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 33

Júlio após reencarnar como filho de Zulmira e Amaro, desencarna com um ano de idade, vítima de difteria. Na reencarnação anterior Júlio desencarnara aos oito anos vítima de um afogamento. Na reencarnação precedente, Júlio havia tentado suicídio por duas vezes: na primeira ingeriu substância corrosiva e foi salvo, no entanto, ficou com a garganta e o esôfago prejudicados. Não aguentando os sofrimentos, se afogou em um rio. 

Por ter suicidado, seu perispírito apresentava enfermidade na região da garganta. Para sanar esta enfermidade perispiritual, precisou desencarnar precocemente em duas reencarnações sucessivas.
"Clarêncio informou, prestimoso:
– Júlio reajustou-se para a continuação regular da luta evolutiva que lhe compete. O renascimento malogrado não teve para ele tão somente a significação expiatória, necessária ao Espírito que deserta do aprendizado, mas também o efeito de um remédio curativo. A permanência no campo físico funcionou como recurso de eliminação da ferida que trazia nos delicados tecidos da alma. A carne, em muitos casos, é assim como um filtro que retém as impurezas do corpo perispiritual, liberando-o de certos males nela adquiridos.
– Isso quer dizer...
O Ministro, porém, cortou-me a palavra, acentuando:
– Isso quer dizer que Júlio doravante poderá exteriorizar-se num corpo sadio, conquistando merecimento para obter uma reencarnação devidamente planejada, com elevados objetivos de serviço. Terá, por alguns meses conosco, desenvolvimento natural, regressando à Terra, em elogiáveis condições de harmonia consigo mesmo.
– Mas voltará, assim, em tão pouco tempo? – perguntei, admirado.
– Esperamos que assim seja. Deve atender ao crescimento de qualidades nobres para a vida eterna que somente o retorno à escola da carne poderá facilitar. Além disso, precisa conviver com Amaro, Zulmira e Silva, de maneira a confraternizar-se realmente com eles, segundo o amor puro que o Cristo nos ensinou.
– Essas anotações – ponderei – lançam nova claridade em nosso estudo da vida. Compreendemos, assim, que as moléstias complicadas e longas guardam função específica. Os aleijões de nascença, o mongolismo, a paralisia...
– Sim – confirmou o orientador –, por vezes é tão grande a incursão da alma nas regiões de desequilíbrio, que mais extensa se faz para ela a viagem de volta à normalidade.
Sorrindo, acrescentou:
O tempo de inferno restaurador corresponde ao tempo de culpa deliberada. Em muitas fases de nossa evolução somos imantados às teias da carne, que sempre nos reflete a individualidade intrínseca, assim como a argila é conduzida ao calor da cerâmica ou como o metal impuro é arrojado ao cadinho fervente. A depuração exige esforço, sacrifício, paciência."

domingo, 7 de junho de 2015

Auxílio às Religiões 4

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 11

Continuação dos três posts anteriores em que Mariana (que trabalha na colônia Lar da Benção junto com Blandina) realiza trabalhos de ajuda aos praticantes da religião católica, fé que abraçava quando encarnada.
"Hilário, porém, prosseguiu indagando, perscrutador.
– Mas, apesar de consciente da verdade que a separação do veículo físico nos impõe, acredita a irmã que a organização católica é suficiente para conduzir o mundo moderno?
Ela sorriu com tristeza e redarguiu:
– Meu amigo, entre cooperar e aprovar, há sensível diferença. A sociedade ajuda a criança sem infantilizar-se. As igrejas nascidas do Cristianismo caminham para grande renovação. O progresso assim exige. As idéias de céu e inferno e os excessos de natureza política, na hierarquia eclesiástica, estabeleceram grandes perturbações para a alma popular. Entretanto, cabe-nos considerar as religiões que envelhecem como frutos fortemente amadurecidos. A polpa alterada pelo tempo deve ser colocada à margem, contudo as sementes são indispensáveis à produção do futuro. Auxiliemos as igrejas antigas, em vez de acusá-las. Todos somos filhos do Pai Celestial e onde houver o mínimo gérmen de Cristianismo aí surgirão recursos de recuperação do homem e da coletividade para o Cristo, Nosso Senhor."

sábado, 6 de junho de 2015

Auxílio às Religiões 3

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 11

Continuação dos dois posts anteriores em que Mariana (que trabalha na colônia Lar da Benção junto com Blandina) realiza trabalhos de ajuda aos praticantes da religião católica, fé que abraçava quando encarnada.
"Hilário pensou alguns instantes, valendo-se do intervalo que surgira na conversação e obtemperou:
– Possuímos nas igrejas a questão do patrocínio. Imaginemos que determinado templo foi erguido à memória de Gerardo Majela. Isso expressa uma obrigação para o grande místico europeu?
– Certamente não se trata de uma obrigação escravizante, mas de um serviço que lhe honra o nome e que merecerá dele certo reconhecimento mesclado de responsabilidade. Devemos reconhecer, contudo, que o trabalho do bem, qualquer que ele seja, permanece ligado a Jesus. No entanto, se algum servo do Senhor está ligado a obra por fazer, tanto quanto lhe seja possível desdobrar-se-á para enriquecê-la de bênçãos.
– Mas... e na hipótese de algum santuário surgir, dedicado a suposto herói da virtude? Figuremos alguém da Terra sendo conduzido ao altar por imposição da autoridade humana, sem mérito bastante, à frente do Senhor... Os crentes encarnados atribuir-lhe-iam poder de que não conseguiria dispor... Em que situação estaria o templo que lhe fosse consagrado?
Mariana registrou a pergunta, cortesmente, e explicou:
– Numa contingência dessas, mensageiros de Jesus responsabilizar- se-iam pela instituição, distribuindo aí os benefícios adequados aos merecimentos e necessidades de cada um.
– E o tipo de assistência? é de renovação espiritual ou de mero socorro aos crentes encarnados?
– Ah! – comentou Mariana, sincera – o trabalho é complexo e divide-se em múltiplos setores. Não está limitado à esfera da experiência física. Inumeráveis são as almas que, desligadas do corpo, recorrem aos altares, implorando esclarecimento... Outras, depois da morte, confiam-se a desequilibradas emoções, invocando a proteção dos Espíritos santificados... É preciso corrigir aqui e ajudar além... Agora, devemos injetar um pensamento reconstrutivo nessa ou naquela mente extraviada, depois é imprescindível harmonizar circunstâncias, em favor desse ou daquele necessitado... A maioria das pessoas aceita a religião, mas não se preocupa em praticá-la. Daí nasce o terrível aumento das aflições e dos enigmas."

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Auxílio às Religiões 2

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 11

Continuação do post anterior em que Mariana (que trabalha na colônia Lar da Benção junto com Blandina) realiza trabalhos de ajuda aos praticantes da religião católica, fé que abraçava quando encarnada.

"– Durante a missa, por exemplo prosseguiu Hilário, observador –, é viável o seu trabalho de cooperação?
Mariana fixou uma expressão facial de bom humor e aduziu:
– Somos grandes falanges de aprendizes da fraternidade em ação. Por mais desagradáveis se nos mostrem os quadros de luta, a nossa obrigação é servir.
Finda ligeira pausa, continuou:
– Quando a missa obedece a pura convenção social, funcionando como exibição de vaidade ou poder, a nossa colaboração resulta invariavelmente nula.
E, sorrindo:
– Que teríamos a fazer num ato bajulatório, em que os devotos da fortuna material ou da perversidade incensam a desregrada conduta de pessoas inescrupulosas? Há missas solenes de consagração a políticos astuciosos e a magnatas do ouro que, em verdade, são reais sacrilégios, em nome do Cristo. Por outro lado, há missas de almas que constituem escárnio à dor dos que foram recolhidos pela morte, quais as que são mandadas celebrar por parentes ambiciosos que, por vezes, até mesmo se alegram com a ausência do morto, ávidos que se mostram de lhes pilharem os despojos, na corrida a testamentos e cartórios. Essas missas fortemente adubadas a dinheiro estão para eles tão frias, como os túmulos em que se lhes asilou a carne desfigurada. Mas, se o ato religioso é simples, partilhado por mentes e corações sinceros, inclinados à caridade evangélica e centralizados na luz da oração, com os melhores sentimentos que possuem, o culto se reveste de grande valor, pelas vibrações de paz e carinho que arremessa na direção daquele a quem é endereçado. Freqüentemente, as missas humildes, realizadas aos primeiros cânticos da manhã, são as mais favoráveis ao nosso concurso. Podemos, com mais segurança, articular as possibilidades ao nosso alcance e ambientá-las a benefício daqueles que esperam de nós o amparo necessário."

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Auxílio às Religiões

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 11

Mariana (que trabalha na colônia Lar da Benção junto com Blandina) realiza trabalhos de ajuda aos praticantes da religião católica, fé que abraçava quando encarnada.
"Interessado, porém, nos apontamentos que surgiam, cada vez mais valiosos, Hilário indagou:
– Em que base se formará o processo de auxílio nas igrejas? Com o impedimento de nossa comunicação direta, como será possível cooperar em favor dos nossos irmãos católicos romanos?
– Muito simplesmente – esclareceu Mariana, prestimosa –, o culto da oração é o meio mais seguro para a nossa influência. A mente que se coloca em prece estabelece um fio de intercâmbio natural conosco...
– Mas não de maneira ostensiva – alegou o nosso companheiro, estudioso.
– Pelo pensamento – explicou a interlocutora, respeitável. – A intuição beneficia em toda parte e, quanto mais alto é o teor de qualidades nobres na criatura, mais ampla é a zona lúcida de que se serve para registrar o socorro espiritual. O culto público, indiscutivelmente, qual vem sendo levado a efeito, nos tempos modernos, não favorece o contacto das forças superiores com a mente popular. Os interesses rasteiros, conduzidos à igreja, constituem sólido entrave contra o auxílio celeste. E a preocupação de riqueza e pompa, quase sempre mantida pelo sacerdócio nos ofícios, inutiliza por vezes os nossos melhores esforços, porque, enquanto a atenção da alma se prende a exterioridades, as forças contrárias ao bem e à luz encontram facilidades positivas para a cultura do fanatismo e da discórdia. Ainda assim, superando tais obstáculos, é sempre possível algo fazer em benefício do próximo."

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Longas Enfermidades

Entre a Terra e o Céu - Capítulo 5

Neste trecho o Ministro Clarêncio explica a ação de espíritos amigos que realizam intervenções no perispírito dos doentes, durante o sono físico. Algumas vezes, esta ação resulta em melhoria da saúde e até a cura. No caso específico aqui citado, a pessoa enferma está acometida de câncer.
"– Nossa ação, contudo, está subordinada à lei que nos rege. No problema de nossa irmã, o concurso de nosso plano conseguirá tão somente angariar-lhe reconforto. A moléstia, em razão das provas que lhe assinalam o roteiro pessoal, atingiu insopitável extensão.
– Quer dizer que ela, agora, apenas se habilita à morte calma? – indagou Hilário, atencioso.
– Justamente – confirmou o orientador –. Com a cooperação em curso, despertará no corpo desfalecente mais serena e mais confortada. Repetindo as excursões até aqui, noite a noite, habituar-se-á, com entendimento superior, à ideia da partida, transmitindo aos familiares resignação e coragem para o transe da separação; aprenderá a contribuir com o seu esforço, no sentido de aliviar-lhes as aflições pela humildade que edificará, dentro de si mesma... pouco a pouco; desligar-se-á da carne enfermiça, acentuando a luz interior da própria consciência, a fim de separar-se do ambiente que lhe é caro, como quem encontra na morte física valiosa liberação para serviço mais enobrecido. E, assim, em algumas semanas, mostrar-se-á admiravelmente preparada ante o novo caminho...
Clarêncio silenciara.
O assunto requisitava-me a novas observações.
– Nesse caso – comecei a falar, hesitante.
O Ministro, porém, sorriu compreensivo e atalhou, esclarecendo:
– Já sei a tua conclusão. É isso mesmo. A enfermidade longa é uma bênção desconhecida entre os homens, constitui precioso curso preparatório da alma para a grande libertação. Sem a moléstia dilatada, é muito difícil o êxito rápido no trabalho da morte."