quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Metamorfose do Inseto

Livro: Evolução em Dois Mundos
Primeira Parte - Capítulo 11 - Existência da Alma

Neste trecho André Luiz nos explica a metamorfose dos insetos, que apresentam profundas transformações no seu processo de crescimento, porém sem deixar de ser o mesmo indivíduo. Ele se utiliza desta analogia para explicar as transformações que o espírito humano passa no seu processo de evolução.
"A larva dos insetos de transformação completa experimenta vários períodos de renovação para atingir a condição de adulto, embora permaneça com o mesmo aspecto, porquanto apenas depois da derradeira mudança de pele é que se torna pupa(1).
Em semelhante estágio, acusa progressiva diminuição de atividade, até que não mais suporte a alimentação.
Esvaziam-se-lhe os intestinos e paralisam-se-lhe os movimentos.
A larva protege-se, então, no solo ou na planta, preparando a própria liberação.
Permanece, assim, imóvel, e não se alimenta do ponto de vista fisiológico, encrisalidando-se, segundo a espécie, em fios de seda por ela própria constituídos com a secreção das glândulas salivares, agregados a pequeninos tratos de terra ou a tecidos vegetais, formando, desse modo, o casulo em que repousa, durante certo tempo, fixado em alguns dias e até meses.
Na posição de pupa, ao impacto das vibrações de sua própria organização psicossomática, sofre essencial modificação em seu organismo, modificação que, no fundo, equivale a verdadeiro aniquilamento ou histólise(2), ao mesmo tempo que elabora órgãos novos pelo fenômeno da histogênese(3), valendo-se dos tecidos que perduraram.
A histólise, que se efetua por ação dos fermentos(4), verifica-se notadamente nos músculos, no aparelho digestivo e nos tubos de Malpighi(5), com reduzida atuação no sistema nervoso e circulatório.
Pela histogênese, os remanescentes dos músculos estriados desfazem-se das características que lhes são próprias, perdendo, gradativamente, a sua estriação, até que se convertam, qual se obedecessem a processo involutivo, em células embrionárias fusiformes, com um núcleo exclusivo, ou mioblastos, que se dividem por segmentação, plasmando novos elementos estriados para a configuração dos órgãos típicos.
Somente então, quando as ocorrências da metamorfose se realizam, é que o inseto, integralmente renovado, abandona o casulo, revelando-se por falena(6) leve e ágil, com o sistema bucal transformado, como acontece na borboleta de tipo sugador, na qual as maxilas se alongam, convertendo-se numa trompa, enquanto que o lábio superior e as mandíbulas se atrofiam.
Entretanto, embora magnificentemente modificada, a borboleta alada e multicor é o mesmo indivíduo, somando em si as experiências dos três aspectos fundamentais de sua existência de larva-ninfa-inseto adulto."

1. Pupa: estado intermediário entre a larva e a forma definitiva, nos insetos que tem metamorfose completa (com profundas alterações), como, por exemplo, na lagarta das mariposas.
2. Histólise: destruição ou dissolução de tecidos orgânicos.
3. Histogênese: formação e desenvolvimento dos tecidos orgânicos.
4. Fermento: enzima; substância capaz de provocar trocas químicas sem nada ceder de sua matéria ao produto que sofreu sua ação; .
5. Tubo de Malpighi: órgão de excreção do inseto, o qual consiste em longos e tortuosos condutos que desembocam no tubo digestivo, no limite entre o intestino médio e o posterior.
6. Falena: nome comum a um grupo de borboletas noturnas (mariposas).
(Fonte: Mesquita, J.M. 1984. Elucidário do Livro Evolução em Dois Mundos).

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