segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Luta Evolutiva

Livro: Evolução em Dois Mundos
Primeira Parte - Capítulo 10 - Palavra e Responsabilidade

Trilhando o caminho do progresso o homem expande o raciocínio e os questionamentos passam a fazer parte de sua rotina. Começa a questionar a causa das coisas e a ideia moral da vida passa a ocupar seus pensamentos. Surge a concepção de um Criador e percebe que não pode mais simplesmente obedecer a seus instintos, diferenciando-se dos animais.
"Entre a alma que pergunta, a existência que se expande, a ansiedade que se agrava e o Espírito que responde ao Espírito, no campo da intuição pura, esboça-se imensa luta.
O homem que lascava a pedra e que se escondia na furna, escravizando os elementos com a violência da fera e matando indiscriminadamente para viver, instado pelos Instrutores Amigos que lhe amparam a senda, passou a indagar sobre a causa das coisas... Constrangido a aceitar os princípios de renovação e progresso, refugia-se no amor-egoísmo, na intimidade da prole, que lhe entretém o campo íntimo, ajudando-o a pensar.
Observa-se tocado por estranha metamorfose.
Vê, instintivamente, que não mais se poderia guiar pela excitabilidade dos seus tecidos orgânicos ou pelos apetites furiosos herdados dos animais...
Desligado lentamente dos laços mais fortes que o prendiam às Inteligências Divinas, a lhe tutelarem o desenvolvimento, para que se lhe afirmem as diretrizes próprias, sente-se sozinho, esmagado pela grandeza do Universo.
A ideia moral da vida começa a ocupar-lhe o crânio.
O Sol propicia-lhe a concepção de um Criador, oculto no seio invisível da Natureza, e a noite povoa-lhe a alma de Visões nebulosas e pesadelos imaginários, dando-lhe a ideia do combate incessante em que a treva e a luz se digladiam.
Abraça os filhinhos com enternecimento feroz, buscando a solidariedade possível dos semelhantes na selva que o desafia.
Mentaliza a constituição da família e padece na defesa do lar.
Os porquês a lhe nascerem fragmentários, no íntimo, insuflam-lhe aflição e temor.
Percebe que não mais pode obedecer cegamente aos impulsos da Natureza, ao modo dos animais que lhe comungam a paisagem, mas sim que lhe cabe agora o dever de superar-lhes os mecanismos, como quem vê no mundo em que vive a própria moradia, cuja ordem lhe requisita apoio e cooperação."

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