sábado, 20 de março de 2021

Descorticação Animal

Livro: Evolução em Dois Mundos
Autor Espiritual: André Luiz

Primeira Parte - Capítulo 16 - Mecanismos da Mente

Quanto mais evoluída a espécie animal, maior é a complexidade do sistema nervoso, com maior desenvolvimento do córtex cerebral e maior integração mente-corpo, isto é, o comando mental é cada vez mais expressivo no controle do corpo físico.

As experiências de retirada do córtex cerebral (descorticação) em animais oferecem variados exemplos: nos peixes e sapos, permanecem inalterados os reflexos e a mobilidade; as aves voam de maneira irregular e somente na luz; os cachorros apresentam motilidade reflexa normal, mas com alterações de comportamento, permanecendo inertes se não houver incentivo e reações exageradas quando existe um incentivo; os chimpanzés não sobrevivem muito tempo quando ocorre a ablação (1) total.

"Desse modo, compreendendo-se que a integração mente-corpo é cada vez mais importante, à medida que se dilatam os valores da encefalização, reconheceremos que a integração cortical é sempre mais expressiva quão mais amplo se faz o desenvolvimento do sistema nervoso.

Na pauta de semelhante realidade, a descorticação em batráquios e peixes não interfere nos reflexos e na motilidade, e, nas aves, modificações emergem, inequívocas, porquanto apenas conseguem voos fragmentários na luz, permanecendo em prostração quando na obscuridade.

O cão que sofre a ablação do córtex, segundo já demonstrou Goltz, no século 19, pode viver além de um ano com motilidade reflexa normal aparente, efetuando os movimentos próprios com relativa correção; todavia, jaz inerte quando lhe falte incentivo à ação e, se esse incentivo aparece, coloca-se em movimento exagerado; ignora como se defender até que se veja positivamente atacado; não se decide a buscar alimento, recebendo a ração que se lhe administre e, embora as funções viscerais prossigam sem maiores alterações, não reconhece as pessoas, baldo de memória, revelando a disjunção dos recursos fisiopsicossomáticos que lhe são peculiares, fenômeno pelo qual evidencia compreensível e aparente regressão a estágio evolutivo inferior.

Os chimpanzés, entretanto, com encefalização mais complexa, não sobrevivem largo tempo após a extirpação total do córtex e, quando sofrem a destruição parcial desse ou daquele elemento cortical, apresentam, como acontece na criatura humana, modificações extensas e profundas.

Cabe mencionar, ainda aqui, a continuidade das indiscutíveis impressões em pessoas mutiladas, que prosseguem sentindo, integrados ao próprio corpo, esse ou aquele membro que, fisicamente, não mais existe."

1. Ablação: Extirpação; ação de retirar um órgão ou parte deste, geralmente em razão de um tumor.

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