terça-feira, 17 de novembro de 2015

Além da Histogênese

Livro: Evolução em Dois Mundos
Primeira Parte - Capítulo 12 - Alma e Desencarnação

Na desencarnação, o homem primitivo ao dominar o pensamento contínuo (ato que o difere dos animais), apresenta condições de elaborar mentalmente seu desprendimento do corpo físico, e a autonomia necessária para integrar-se mentalmente em seu corpo espiritual, agindo com a eficiência e a segurança que as inúmeras repetições (encarnações e desencarnações) lhe proporcionaram.
"Através desse movimento incessante da palingenesia(1) universal, o princípio inteligente incorpora a experiência que lhe é necessária, estagiando no plano físico e no plano extrafísico, recolhendo, como é justo, a orientação e o influxo das Inteligências Superiores em sua marcha laboriosa para mais elevadas aquisições.
Pouco acima dessas mesmas bases, vamos encontrar o homem infraprimitivo(2), na rusticidade da forma em que se esconde, surpreendido no fenômeno da morte, ante a glória da vida, como criança tenra e deslumbrada à frente de paisagem maravilhosa, cuja grandeza, nem de leve, pode ainda compreender.
O pensamento constante ofereceu-lhe a precisa estabilidade para a metamorfose completa.
Pela persistência e consistência das idéias, adquiriu o poder de integrar-se mentalmente, para além da histogênese, em seu corpo espiritual, arrebatando-o, com a alavanca da própria vontade que a indagação e o trabalho enriqueceram, para novo estado individual.
Acariciada pelo bafejo edificante dos Condutores Divinos que lhe acalentam a marcha, a criatura humana dorme o sono da morte, mumificando-se na cadaverização, como acontece à pupa.
E segregando substâncias mentais, à base de impulsos renovadores, tanto quanto certas crisálidas que segregam um líquido especial que lhes facilita a saída do próprio casulo, a alma que desencarna, findo o processo histolítico das células que lhe construíam o carro biológico, e fortificado o campo mental em que se lhe enovelaram os novos anseios e as novas disposições, logra desvencilhar-se, mecanicamente, dos órgãos físicos, agora imprestáveis, realizando, por avançado automatismo, o trabalho histogenético pelo qual desliga as células sutis do seu veículo espiritual dos remanescentes celulares do veículo físico arrojado à queda irreversível, agindo agora com a eficiência e a segurança que as longas e reiteradas recapitulações lhe conferiram."
1.  Palingenesia: volta à vida; renascimento; reencarnação.
2. Infraprimitivo: referente a organismo em começo de evolução. O que se encontra em estágio de evolução abaixo do que se considera primitivo.

domingo, 15 de novembro de 2015

Metamorfose e Desencarnação

Livro: Evolução em Dois Mundos
Primeira Parte - Capítulo 12 - Alma e Desencarnação

Utilizando-se da analogia do processo de desencarnação com o processo de metamorfose dos insetos, André Luiz nos fala da metamorfose incompleta, os hemimetábolos(1), cujo processo guarda semelhanças com a desencarnação dos animais superiores aos insetos. Os mamíferos ao desencarnarem agregam-se em ninhos em que estão os companheiros, e por não apresentarem o pensamento contínuo, não possuem condições de trabalhar o corpo espiritual necessário ao plano espiritual.

Os animais, em geral, permanecem por curto período de tempo no plano espiritual após a desencarnação. Quando não são aproveitados pela espiritualidade em serviços por determinado período de tempo, mergulham em estado letárgico, sendo logo atraídos para a reencarnação em grupos afins.
"Graduando os acontecimentos da desencarnação, é importante recorrer ainda ao mundo dos insetos para lembrar que, se existem aqueles de metamorfose total, existem os de metamorfose incompleta, os hemimetábolos, cuja larva sai do ovo e se converte imediatamente num indivíduo, sem passar pela fase pupal, à feição dos malófagos(2), desprovidos de asas, embora possuam aparelho bucal triturador.
Apresentando características singulares, no capítulo da transfiguração, em todas as ordens nas quais se subdividem, os insetos, de algum modo, exprimem, no desenvolvimento da metamorfose que lhes marca a existência, a escala de fenômenos que vige para a desencarnação dos seres de natureza superior.
Em relação ao homem, os mamíferos que se ligam a nós outros por extremos laços de parentesco, em se desencarnando, agregam-se aos ninhos em que se lhes desenvolvem os companheiros e, qual ocorre entre os animais inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que se escalonam, não possuem pensamento contínuo(3) para a obtenção de meios destinados à manutenção de nova forma.
Encontram-se, desse modo, aquém da histogênese(4) espiritual, inabilitados a mais amplo equilíbrio que lhes asseguraria ascensão a novo plano de consciência.
Em razão disso, efetuada a histólise(5) dos tecidos celulares, nos sucessos recônditos da morte física, dilata-se-lhes o período de vida latente, na esfera espiritual, onde, com exceção de raras espécies, se demoram por tempo curto, incapazes de manobrar os órgãos do aparelho psicossomático que lhes é característico, por ausência de substância mental consciente.
Quando não se fazem aproveitados na Espiritualidade, em serviço ao qual se filiam durante certa cota de tempo, caem, quase sempre de imediato à morte do corpo carnal, em pesada letargia(6), semelhante à hibernação, acabando automaticamente atraídos para o campo genésico das famílias a que se ajustam, retomando o organismo com que se confiarão a nova etapa de experiência, com os ascendentes do automatismo e do instinto que já se lhes fixaram no ser, e sofrendo, naturalmente, o preço hipotecável aos valores decisivos da evolução."
1. Hemimetábolo: inseto que apresenta metamorfose incompleta, em que as diferenças entre a larva e a forma definitiva não são muito notáveis, assemelhando-se em tudo no estado larval.
2. Malófagos:  inseto sem asas, parecido com o piolho, parasita de mamífero e aves.
3. Pensamento Contínuo: pensamento constante, ininterrupto, que caracteriza a capacidade mental do homem, em oposição ao pensamento fragmentário (descontínuo), próprio dos animais irracionais.
4. Histogênese: formação e desenvolvimento dos tecidos orgânicos.
5. Histólise: destruição ou dissolução dos tecidos orgânicos.
6. Letargia: estado caracterizado por sono profundo e contínuo, em que as funções da vida se atenuam de tal modo que parecem suspensas.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Herdeiros das Próprias Obras


Continuação da Existência

Livro: Evolução em Dois Mundos
Primeira Parte - Capítulo 11 - Existência da Alma

Como continuação do post anterior (ver Desencarnação do Espírito), André Luiz nos explica que após o desencarne o espírito mantem sua identidade e que continua no plano espiritual o aprendizado realizado durante sua vida no plano terreno. Deste modo, vemos que o aprendizado é permanente, estando tanto no plano material quanto no plano espiritual, nos facultando assim a possibilidade de ascensão.
"Metamorfoseada, pois, não obstante o fenômeno da desencarnação, a personalidade humana continua, além-túmulo, o estágio educativo que iniciou no berço, sem perder a própria identidade, somando consigo as experiências da vida carnal, da desencarnação e da metamorfose no plano extrafísico.
Perceberemos, desse modo, que a existência da criatura, na reencarnação, substancializa-se não apenas na Terra, onde atende à plantação dos sentimentos, palavras, atitudes e ações com que se caracteriza, mas também no Mundo Espiritual, onde incorpora a si mesma a colheita da sementeira praticada no campo físico, pelo desdobramento do aprendizado com que entesoura as experiências necessárias à sublime ascensão a que se destina."